10.3.08

Alma

Sinto que se desgarra. Já toma próprio rumo, a procura de novo coração. Ao meu já não resta nada mais que bater, manter todo o resto sob controle, acordando e dormindo. Minha alma embrenhasse em mata fechada, folhas longilíneas com singelos florais brancos na ponta. Mundo desconhecido que eu perco a curiosidade de enfrentar. Ela diz que posso ir seguro, que já vem logo atrás, me acompanha. Mas mente. Ela começou a mentir pra mim, e eu já não me importo.

Frustrações reincidentes amansaram minhas expectativas, hoje muito bem supridas pela grade das TV’s abertas e pagas, colunistas, pelas saias curtas que estão voltando às vitrines, marcas de cerveja, condições de parcelamento, pílulas do dia seguinte, aparelhos eletrônicos em promoções relâmpago, livros de como entender a economia, como aproveitar a queda da bolsa da china, como economizar na vida conjugal, como arranjar uma conjugue.

Minha felicidade cabe nisso e projeta-se, a médio e longo prazo, em oportunidades não menos previsíveis. A alma convida-me a andar descalço na grama, a fazer visitas românticas a lugares esquecidos da cidade. Meu corpo pede para esperar. Não se pode gozar da felicidade assim, sem cautela, ele diz, e volta a concentrar-se na propaganda de margarina.

Felicidade, grama, cachorro correndo em volta da piscina.
Trabalho, dinheiro, grama, cachorro correndo em volta da piscina, trabalho, trabalho, felicid...