Mulher em Varadero
Submergia mais uma vez. O céu mosqueado de estrelas, o mar uma placa metálica. A centímetros de profundidade, a água levantava delicadamente suas mechas de cabelo e assim mantinha-se calada e de olhos fechados até que o fôlego acabasse. Ao retornar a superfície, nada. Dezenas de varandas vazias, um carro de segurança desligado.
Mergulhava novamente no frescor atemorizante. Nenhuma barbatana roçou-lhe as pernas. Os grandes animais, àquela hora, também compactuavam com a solidão do mundo. No fundo do oceano infinito, tudo o que escutava era o tirlintar de sua medalhinha de São Francisco, prim, ecoando. Voltou à tona.
Ameaçou dar algumas braçadas, porém logo desistiu, com medo de atrapalhar a tristeza. O que se escutava agora era uma respiração profunda e o leve conflito de ondas pequeninas, suas pernas fazendo o bastante para manter-lhe a cabeça fora d’água com seus cabelos esparramados na superfície do mar em um halo negro.
A orla dormia. Lanternas traçavam o caminho até o fim da margem que desembocava em uma pedra enorme. Aproximou-se calmamente da praia, alcancando o chão em águas mais rasas e caminhando em direção a areia. Andou por ali. Acompanhou o mar e foi sentar-se em um banco.
Havia bebido e em nada pensava. Seu corpo esguio arrepiava-se com o brisa fria, o queixo enrugava-se em contração e fazia-lhe bater os dentes, espremia os olhos e seus cabelos, agora peça única e pesada, gelavam-lhe as costas. Voltou ao apartamento do mesmo jeito que havia saído, descalça e com um traje mínimo de banho. Subiu as escadas do prédio escutando os passos de tantas famílias indo escovar os dentes, depois para cama, sonhar com as coisas inefáveis, com coisas que sabemos sem nos dar conta. Ela virou a chave duas vezes, o gato foi à porta recepcioná-la e, antes de cair no sono, leu algumas páginas de um livro antigo.
Mergulhava novamente no frescor atemorizante. Nenhuma barbatana roçou-lhe as pernas. Os grandes animais, àquela hora, também compactuavam com a solidão do mundo. No fundo do oceano infinito, tudo o que escutava era o tirlintar de sua medalhinha de São Francisco, prim, ecoando. Voltou à tona.
Ameaçou dar algumas braçadas, porém logo desistiu, com medo de atrapalhar a tristeza. O que se escutava agora era uma respiração profunda e o leve conflito de ondas pequeninas, suas pernas fazendo o bastante para manter-lhe a cabeça fora d’água com seus cabelos esparramados na superfície do mar em um halo negro.
A orla dormia. Lanternas traçavam o caminho até o fim da margem que desembocava em uma pedra enorme. Aproximou-se calmamente da praia, alcancando o chão em águas mais rasas e caminhando em direção a areia. Andou por ali. Acompanhou o mar e foi sentar-se em um banco.
Havia bebido e em nada pensava. Seu corpo esguio arrepiava-se com o brisa fria, o queixo enrugava-se em contração e fazia-lhe bater os dentes, espremia os olhos e seus cabelos, agora peça única e pesada, gelavam-lhe as costas. Voltou ao apartamento do mesmo jeito que havia saído, descalça e com um traje mínimo de banho. Subiu as escadas do prédio escutando os passos de tantas famílias indo escovar os dentes, depois para cama, sonhar com as coisas inefáveis, com coisas que sabemos sem nos dar conta. Ela virou a chave duas vezes, o gato foi à porta recepcioná-la e, antes de cair no sono, leu algumas páginas de um livro antigo.
2 comments:
lindíssimo
muito bommmmmmm!!!!!!!!!
mesmo
apenas uma,duas palavras...
a mais
pra menos
abraço grande
saudade grande
Tércio
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