Apagada
Já de tudo falaram um pouco
E pouco a pouco, tornam a repetir
Restamo-nos, nisso, mudos intelectuais
Presos à obviedade que nada vale ser comentada
Já esgarçaram o que há pra ser sentido
Por darem-lhe cara, cadência e estilo
E hoje nossa essência embate na ponta
dura da epiderme
Sendo corpo e alma
Que se não me engano já foi nome de novela
Quase a mesma fatídica e involuntária coisa
Já no ápice da letargia
Uma lágrima quase seca, quase nada
Escorrega pelos cílios e na ponta
pára
Arrependida
Já de nada mais vale, como valia
Queimaram o fuzível da última vontade
E com ela se foi a vida
Apagada.
Thiago Cunha