9.4.06

Hão de me jogar ao mar, já pó seco, em meu fenecimento. E todos já de mortiço e embriagado sentimento deixarão me ir, com o intenso azul que na noite é o breu silencioso do nada. E nada também vou ser eu, ao tocar no fundo, de modo figurativo porque até lá já teria diluído ou me espalhado bastante.

Iria sem caixão, sem epitáfio, virar a lembrança mais doce. E tem de ser em pó e no mar pra isso, para que o derradeiro descanso siga o mais inexorável caminho, e nada possa ser consultado ou remexido.

Só haverão de ter comigo, caros amigos, nas abstrações particulares do que achavam que eu era. E isso, entre todas as coisas que eu fiz, será pra cada um o meu “eu” mais misteriosamente bonito.

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