Quase Nenhuma Palavra
Tenho amores com os quais não ouso conversar.
Não travo laços com elas que, por tanto devaneio meu, tornaram-se já grandes personalidades da revista diária que publico e entrego pelas esquinas da imaginação.
São bacantes poetisas, beatas castas arrependidas, neo-hippies vendedoras de bijouteria, que na mais profunda dor aparecem, com brisa de praia, a me sorrirem e dizerem, cada qual com sua voz, o quão tranqüilo tudo está, “não é”?
E me arrependeria muito se um dia cedesse, ao deixar-me escutar delas mais que isso.
Amores são sonhos e, como tais, acabam logo quando tentamos transpô-los à verdade, botando-nos a sonhar de novo.
São idéias a andar em sapatos de estranhas, embaladas em uma estética que perpetua indefectível nas manchetes fervorosas de minha publicação, recheada de fotos e quase nenhuma palavra.
Mais que isso seria talvez conhecê-las, e conhecer alguém é quase sempre exercitar a ponderação de nossas expectativas.
E se sexo sobrou desconsiderado na teia dessa teoria, já que deveras necessário para a paz que procuramos, digo-lhes que as mulheres que porventura sejam bonitas, e por fatalidade eu venha a conhecer melhor, são apenas os degraus errantes a me conduzir à superioridade do onanismo solitário.
Thiago Cunha
3 comments:
Gostei de mais deste tb...
Gosto muito do que vc escreve.. de verdade!! Continue assim..
Bjos,
Pa
eeeeeeeeeeeeeee. :)
adoro quando vc escreve triste!
mas eu demorei pra entender o final.
tem vezes que sinto que vou ser solitária. gosto de sonhar.
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