16.4.06

Quase Nenhuma Palavra

Tenho amores com os quais não ouso conversar.


Não travo laços com elas que, por tanto devaneio meu, tornaram-se já grandes personalidades da revista diária que publico e entrego pelas esquinas da imaginação.


São bacantes poetisas, beatas castas arrependidas, neo-hippies vendedoras de bijouteria, que na mais profunda dor aparecem, com brisa de praia, a me sorrirem e dizerem, cada qual com sua voz, o quão tranqüilo tudo está, “não é”?

E me arrependeria muito se um dia cedesse, ao deixar-me escutar delas mais que isso.


Amores são sonhos e, como tais, acabam logo quando tentamos transpô-los à verdade, botando-nos a sonhar de novo.


São idéias a andar em sapatos de estranhas, embaladas em uma estética que perpetua indefectível nas manchetes fervorosas de minha publicação, recheada de fotos e quase nenhuma palavra.

Mais que isso seria talvez conhecê-las, e conhecer alguém é quase sempre exercitar a ponderação de nossas expectativas.


E se sexo sobrou desconsiderado na teia dessa teoria, já que deveras necessário para a paz que procuramos, digo-lhes que as mulheres que porventura sejam bonitas, e por fatalidade eu venha a conhecer melhor, são apenas os degraus errantes a me conduzir à superioridade do onanismo solitário.

Thiago Cunha


3 comments:

Anonymous said...

Gostei de mais deste tb...
Gosto muito do que vc escreve.. de verdade!! Continue assim..
Bjos,
Pa

Anonymous said...

eeeeeeeeeeeeeee. :)
adoro quando vc escreve triste!
mas eu demorei pra entender o final.

Anonymous said...

tem vezes que sinto que vou ser solitária. gosto de sonhar.