8.1.06

Memória

Vou sempre lembrar de você como minha derradeira felicidade. A título de importância e comparação, claro, pois tive outras.

Andei sozinho por uma cidade desconhecida, descobri as pessoas de lá como muito simpáticas e me embebedei da dose mais certa para aproveitar a brisa do mar que há tempos não sentia.

Conheci outras pessoas, outras mulheres, com as quais tive excelentes conversas, que insistiam sempre em pautar assuntos de meu total domínio.

As mulheres que conheci falavam calmamente ao meu ouvido, frases que sentia serem muito pessoais, como se as tivessem guardado e finalmente alguém, eu, pudesse ouvi-las. Falei no momento certo, deixei o silêncio interromper a conversa no tempo certo, e as beijei também com calma entre os sorrisos espontâneos que o momento proporcionava.

Quando muito inseguro sobre o que acabara de dizer na discussão já etílica entre amigos, um deles me acompanha ao banheiro e elogia minha “corretíssima” colocação. Assim como a estranha se aproxima, bonita, com um sorriso mais esperto que espontâneo, pra dizer que havia me visto na pista, perto do bar, e gostaria muito de ter uma conversa.

Tive essas, outras felicidades que talvez agora me escapem (acordar querendo trabalhar?), mas não lembro de alguma ser assim, em memória, quase tão de verdade, a todo momento, com cheiro e alucinadamente tátil, como a sua. Não como a sua risada, curta, não como o jeito que, depois de eu contar uma história, você já me rebatia com outra, travando um duelo de contos cômicos verídicos. Ninguém ficou quieta como você, nem tão honestamente brava. Ninguém é assim, linda sem se dar a mínima conta.

2 comments:

Anonymous said...

...

Anonymous said...

Cunha,
Como te conheço, criei a cena na cabeça, visualizei o sorriso, mas era de uma pessoa sem rosto, apenas um sorriso.
Fico feliz que texto após texto me surpreendo. Tenho muito orgulho de ser seu amigo.
Feliz aniversário, desejo para você tudo o que vc acredita que merece.
Abração,
Jorge