4.9.05

Eu Te Amo

Existem um milhão de sorrisos no mundo. Cabelos, idênticos, esvoaçando pelas janelas do carro. Quantas pessoas, por genética ou treino, sorriem desse jeito, como você...Existem milhares de pessoas, espalhadas nas varandas, quartos e ante-salas, e palavras a serem ditas por cada uma delas, em um milhão de línguas diferentes. Existe também o silêncio entre as palavras, e os infinitos modos de se ficar quieto. Existem frases fáceis, de pouco verbos e muitos substantivos, e as difíceis, que dão vontade de ligar e reivindicar uma tradução logo depois de ter batido o telefone.
Muitas pessoas, agora, estão pensando em outras, num silêncio que nunca vai ser transcrito em nenhum dialeto, em qualquer tempo, no mundo inteiro. Pessoas que gostam de outras pessoas, tanta gente e escolha espalhada no tempo. Muitas delas, em algum aspecto, e isso talvez seja umas das coisas que ninguém sabe explicar, se parecerão com você. Sua boca, o modo que você olha e como faz tudo ficar engraçado, enfim, existem pessoas com seus defeitos e virtudes, apenas não estão todos juntos.
Isso me chateou por um tempo, essa possibilidade infinita de se sentir curioso por outra combinação de feições e trejeitos. Sempre que te via acionava-se em mim um apurador de tempo, projetando em gráficos geométricos e com legenda a chance de que poderíamos ser felizes para sempre. Ficava aflito, por mim e por você, com essa mania de pensar demais, inventar e fermentar problemas. Mas você então deu um sorriso, virou um pouco o rosto, afinou a voz e disse: “Quê! ?”, e tudo que passava pela minha cabeça teve que esperar.
Todo dia com você é gozar da esperança de algo que, de tão certo, parece não necessitar de torcida. Mas mesmo assim te olho, e as lágrimas que de mim nunca conseguem sair regam na alma essa ponta latejante de vontade. A vontade de querer estar com você e poder conversar sobre as coisas banais que eu insisto em dar importância, olhar para seus olhos e assistir você zombando de mim quietinha, com a maior paciência.
Uma coisa que eu tinha muito era paciência, deixar as coisas correrem ou simplesmente interceptá-las, deixando que o tempo depurasse qualquer possível resquício de lembrança. E eu queria te dizer isso à muito tempo: “Eu não tenho medo do tempo com você!” Fazem meses que ele só serve pra medir a saudade que me dá quando estamos separados, e quão boas são as horas em que estamos juntos. Existe um milhão de maças no mundo e talvez eu não possa mesmo fazer de nada o que eu penso ou quero uma verdade eterna. Só queria lhe dizer que, na minha cabeça dura, você é a pessoa mais importante que já me apareceu, uma maçã que me faz querer chorar, que me entende e que consegue se impor às minhas idiotices (mesmo comigo não arredando o pé). Eu, como ninguém, sei que o tempo pode mudar muita coisa, e talvez esse seja o medo que eu tenha. Não quero que mude! O que eu posso dizer, com todo meu coração e a minha cabeça, é que eu te amo, de todos os jeitos possíveis.

(Thiago Cunha)

2 comments:

Anonymous said...

Thiago,
Muita sensibilidade,muita doçura. Tenho muito orgulho de você. Beijos...Mamãe

Anonymous said...

Que lindo!
Vc é apaixonante!
Débora