31.8.05

Eu Sempre Vou Te amar

Eu tenho você no pensamento durante quase todo dia. Não estou pedindo nada em troca, nenhuma satisfação, só queria que soubesse. Queria que soubesse que você era o começo do meu plano e ao mesmo tempo ele inteiro, meu ridículo plano de finalmente gostar de alguém. Você seria, entre as outras, aquela pela qual eu era devoto, todos os seus defeitos seriam como deslizes dos deuses, remediados sempre com um ato sublime, e suas risadas iriam transcender a visão e esconder-se, durante dias e semanas, nos sonhos dos quais ninguém gosta de acordar.
Sentiria por você algo muito forte, talvez até forte demais, mas que sairia de mim em doses homeopáticas e, tranqüila, você não perceberia meus exageros. Te ligaria muitas vezes sem razão, desligaria me questionando sobre a reciprocidade de tudo isso quando você dissesse que não podia falar, que seu patrão estava lá perto, e passaria o resto do dia chateado, pensando no seu sorriso. Voltaria a te ligar de noite e você, agora desocupada, falaria uma hora sem parar e me faria pensar que talvez eu devesse estar louco, que nada poderia ser tão bom assim.
Iria lutar contra minha tendência à solidão com todas as forças. Freqüentaria os lugares mais chatos, conheceria e seria pelo menos um bom ouvinte de seus amigos, tudo para sentir seja isso o que for que todo mundo (todo mundo!) sente. Você era o meu plano inteiro, mas acho que acabou não dando certo.
Eu te beijei como todo mundo, sem ao menos te conhecer direito. Você também, como todo mundo, disse que não acreditava que aquilo pudesse estar acontecendo, enquanto eu passava a mão no seu cabelo e o jogava para trás de sua orelha. Mas não sei, talvez porque eu já tivesse esse plano na cabeça ou simplesmente por eu ter gostado mesmo de você, achei que seria diferente.
Tudo em vão. Quando eu te vi pela última vez eu percebi, era tudo em vão. Você até esboçou um sorriso, a gente conversou bastante, uma conversa diluída em simpatia e pequenas confissões, mas nada demais. Eu torcendo para que as poucas cervejas que eu pude comprar fizessem efeito, que a conversa fosse aproximando nossas bocas e culminasse num beijo, que depois dele você fizesse uma “carinha” tímida e corresse para o seu amigo, que voltássemos a conversar e que o segundo beijo fosse bem mais natural e consciente, tudo em vão. Você quis ir embora cedo, ficava brava quando todo mundo deixava a gente isolado no canto. Me deu um beijo de tchau: “A gente se vê.” Abortei meu plano.

(Thiago Cunha)

2 comments:

Anonymous said...

Posso fingir que é pra mim?....

Anonymous said...

há. quitter.