31.8.05

Tudo um Grande Desperdício

Que no começo de um sono enfadonho
Uma lira aguda venha me obstruir e abrir meus olhos
Fazendo com que tudo seja ao menos compreensível
Que a verdade seja palpável e visível
Flutuando entre todas as conversas, ligações de telefone

E assim acorde, numa mesa de bar
Pensando em alguém que talvez nem exista
Mas que seja tão presente e falante
(No meu pensamento ou em alguma outra mesa)
Que não me deixe mais pensar

Que eu acorde e veja a vida bem mais fácil
Não só com os olhos, mas com tudo o que há de ser sentido
Nesse caminho oblíquo que insistimos em seguir
Para, enfim, nos encontramos pais e trabalhadores
Sorridentes e catalogados

De repente acordar e me ver cansado
De correr atrás de mais tempo pra ficar parado

Embriagado pelo amor
Louco, mas com cautela
Loucura bonitinha de novela
O marido que morre tísico
Com metade de um sorriso
Olhando pela janela

Mão apertada por algum parente
Que desmarcou um compromisso
Para o adeus condolente do ente querido
Vidas e vidas, reuniões, filhos, amor, imóveis, inquilinos
Metade de um sorriso, tudo um grande desperdício.

(Thiago Cunha)

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